A paracentese é utilizada para a retirada de ascite e exige cuidados.
A ascite – ou líquido ascítico – é o acúmulo de líquido dentro da cavidade abdominal, mais comumente é causada pela cirrose.
O acúmulo de líquido dentro da cavidade abdominal pode ter várias origens, entretanto é sinal de alguma anormalidade na saúde.
Para a confirmação da origem do acúmulo de líquido uma paracentese é necessária, que retirará uma amostra desse líquido para análise laboratorial.
A ascite é um sinal perigoso do avançar da doença hepática. A taxa de sobrevida em 5 anos nos pacientes que desenvolvem ascite gira em torno de 60%, isso significa que uma vez desenvolvida a ascite, em 5 anos 40% dos pacientes morrerão1. Por esse motivo, a partir de seu surgimento a necessidade de um transplante de fígado deve ser considerada.
Na cirrose, a ascite acontece em decorrência de uma pressão elevada no sistema venoso do fígado, decorrente do processo de cicatrização característico da cirrose. Essa pressão elevada resulta no desvio de sangue para outras veias de nosso organismo, que chamamos de circulação colateral, sendo os locais mais comuns o esôfago (varizes de esôfago, varizes esofágicas) e os vasos epigástricos.
Em decorrência desse aumento da pressão venosa, pequenas veias de nosso organismo podem aumentar muito de tamanho, principalmente na região da parede abdominal. Por esse motivo, o conhecimento da anatomia local e o uso de métodos de imagem auxiliam o médico a realizar o procedimento com mais segurança.
No vídeo, observamos uma grande veia (em cinza), muito dilatada em decorrência da cirrose. Uma punção inadvertida dessa veia, por exemplo durante um procedimento de paracentese, pode causar sangramento. Não obstante, o procedimento é considerado seguro1. Portanto, não se esqueça, a paracentese é utilizada para a retirada de ascite, porém exige alguns cuidados. Viva seu fígado, viva a saúde!
Referências bibliográficas.
1) Runyon BA; AASLD. Introduction to the revised American Association for the Study of Liver Diseases Practice Guideline management of adult patients with ascites due to cirrhosis 2012. Hepatology. 2013;57(4):1651-1653. doi:10.1002/hep.26359
Aviso legal: como médicos também temos a função social de divulgar a medicina e saúde, aproveite essas informações para cuidar da sua. Entretanto, reforçamos que ela não substitui atendimento médico.
Médico pela PUCPR (CRM 20009/PR). Residência médica em cirurgia geral pela PUCPR, com área de atuação em cirurgia vídeo-laparoscópica (RQE 192). Título de Especialista em Cirurgia Geral pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões (RQE 13560). Título de Especialista em Cirurgia do Aparelho Digestivo pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (RQE 15509). Atua na área de transplante de fígado, pâncreas e rim. Membro da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), da Sociedade Internacional de Transplante de Fígado (ILTS) e da Sociedade de Transplantação (TTS).
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