Hepatite B.

A hepatite B é a doença do fígado mais comum no mundo.

O vírus da hepatite B é transmitido através de atividades que envolvam contato percutâneo (ex. punção através da pele), contato da mucosa com sangue infectado ou fluidos do corpo (ex. sêmen, saliva). O vírus da hepatite B não é transmitido pela comida ou água, pelo compartilhamento de talheres, amamentação, em abraços, beijos, por dar as mão, pela tosse ou espirro.

A presença dos sinais e sintomas varia pela idade. A maioria das crianças com menos de 5 anos e adultos imunossuprimidos recém infectados são assintomáticos, enquanto 30-50% das pessoas com idade maior que 5 anos possuem sinais e sintomas iniciais, que podem incluir: febre, fadiga, perda de apetite, náusea, vômitos, dores abdominais, urina escura, dor nas articulações.

Fatores de risco para contágio da hepatite B

  • Pessoas nascidas em áreas de prevalência elevada do vírus da hepatite B (região Ásia-Pacífico, Oriente médio, Mediterrâneo, Europa Oriental, América do Sul, Caribe);
  • Contato domiciliar e sexual com pessoas com hepatite B crônica;
  • Pessoas com múltiplos parceiros sexuais ou história pessoal de doenças sexualmente transmissíveis (gonorreia, sífilis, HPV);
  • Homens que fazem sexo com homens;
  • População carcerária;
  • Pessoas com elevação crônica das enzimas hepáticas (AST, ALT);
  • Pessoas com HIV ou hepatite C;
  • Tatuagem / piercing;
  • Pacientes em diálise;
  • Pessoas que já receberam medicações injetáveis com seringas e agulhas re-utilizáveis. O uso de seringas de vidro na década de 70 e 80 era muito comum.

A hepatite B pode ser considerada aguda ou crônica.

A hepatite B aguda em sua maioria das vezes passa desapercebida (assintomática). Outras vezes pode apresentar sintomas de uma hepatite (mal-estar, icterícia, urina escurecida, alteração dos exames do fígado). O paciente com hepatite B aguda ou eliminará o vírus da corrente sanguínea ou desenvolverá imunidade prolongada ou desenvolverá um estágio de infecção crônica.

Pessoas com infecção crônica pelo vírus da hepatite B podem ser assintomáticas, obtendo nenhuma evidência de doença do fígado, vindo a apresentar sintomas quando a doença está avançada, com o surgimento da cirrose hepática ou câncer de fígado.

Os atuais tratamentos da hepatite B são bastante efetivos no controle e supressão do vírus. Entretanto, o tratamento raramente leva à “cura”.

O termo cura se refere à eliminação do vírus do organismo da pessoa, objetivo que não é alcançado com o tratamento do vírus da hepatite B. O tratamento suprime a multiplicação do vírus na corrente sanguínea, o que propicia o controle da doença. Entretanto, o vírus da hepatite B tem a capacidade de se alojar e permanecer escondido, de tal maneira que os tratamento não erradicam o vírus de nosso organismo.

Quais os tratamentos disponíveis?

Existem cinco drogas aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para uso contra a hepatite B:

  • Interfereon-alfa;
  • Lamivudina;
  • Adefovir;
  • Entecavir;
  • Interferon peguilhado alfa-2a;

Interferon é aplicado através de injeções. As outras drogas são administradas pela boca na forma líquida ou em comprimidos.

Todos como hepatite B devem ser tratados?

Nem todas as pessoas com hepatite B precisam de tratamento. Aqueles com hepatite B ativa {aqueles com antígeno de superfície da hepatite B (HbsAg) positivo que não apresentam dano ao fígado geralmente não necessitam tratamento.

O tratamento para a hepatite B deve ser somente considerado naqueles com doença hepática ativa.

Pessoas com doença hepática ativa geralmente apresentam enzimas hepáticas elevadas, vírus da hepatite b detectado no sangue e dano ao fígado demonstrado através de uma biópsia hepática.

Quais são os objetivos do tratamento da hepatite B?

Prevenção de consequências sérias e até de ameaça a vida da infecção a longo prazo.

A redução dos níveis do vírus da hepatite B por um longo período, aferido por exames de sangue do DNA viral (HBV DNA) e do HbeAg (antígeno e da hepatite B). Esses testes aferem como o vírus se multiplica ou cresce.

A perda do HbeAg naqueles inicialmente positivos, já que dessa forma o tratamento pode ser seguramente interrompido nesses indivíduos.

A melhora dos testes hepáticos que geralmente normalizam ou se aproximam da normalidade se o tratamento está sendo bem sucedido.

Perda do antígeno de superfície da hepatite B (HbsAg). É o que mais se aproxima da “cura” da infecção, mas isso não ocorre frequentemente.

Quais as chances de resposta ao tratamento da hepatite B?

Quase todos os pacientes podem atingir uma redução de seus níveis do HBV DNA e das enzimas hepáticas.

O tratamento com a terapia oral pode manter os níveis virais baixos assim como as enzimas hepáticas por períodos prolongados, desde que o vírus não desenvolva resistência ao tratamento.

Tratamento com interferon/peginterferon pode induzir a perda do HbeAg em cerca de 1/3 dos pacientes.

A terapia oral pode induzir a perda do HbeAg em cerca de 1/5 dos pacientes após um ano. As respostas podem crescer com o passar do tempo.

Somente uma pequena proporção dos pacientes tratados eliminam o HbsAg.

Por quanto tempo o tratamento deve ser tomado?

Inteferon/peginterferon são administrados por 6-12 meses.

As drogas orais devem ser dadas por mais de um ano, na dependência da resposta.

Os paciente HbeAg negativos antes do tratamento geralmente necessitam tratamento prolongado e até por tempo indefinido para manutenção da infecção sob controle.

Quais são os riscos do tratamento da hepatite B?

As drogas orais da hepatite B são muito bem toleradas com poucos efeitos colaterais. O maior risco associado ao seu uso é que o vírus da hepatite B se torne resistente e não mais responder ao tratamento. Uma eventual resistência pode necessitar a mudança de tratamento, incluindo ouso de outras drogas administradas de maneira individual ou em conjunto.

Interferon peguilhado é associado com efeitos colaterais que incluem fadiga, dores no corpo e alterações do humor, como depressão.

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