Complicações da cirurgia do transplante de fígado.

Mesmo sendo um tratamento eficaz, o transplante de fígado não é isento de complicações. A equipe de transplante constantemente trabalha para evitar esse acontecimento, mas isso nem sempre é possível. Além de tentar evitar, a equipe procura identificar o problema o mais precocemente possível, para facilitar o tratamento.

Algumas das principais complicações do procedimento são as seguintes:

  • Hemorragia: maior risco nas primeiras 48 horas após o transplante. Pode acontecer dentro do abdome ou no trato gastrointestinal.
    • Sangramento intra-abdominal: geralmente secundário à coagulopatia (distúrbio na coagulação), hipertensão portal e hemostasia (controle do sangramento) difícil durante a cirurgia. Sangramento mais tardio pode acontecer devido à infecção grave que destrói as anastomoses vasculares. O tratamento envolve correção de fatores que ajudam na coagulação ou realização de cirurgia.
    • Sangramento gastrointestinal: devido às úlceras de estresse, gastrite, duodenite e altas doses de corticoide após a operação. Ocorre mais comumente nos três primeiros meses após a cirurgia. O tratamento pode ser realizado com medicamentos, endoscopia, cateterismo ou cirurgia.
  • Obstrução da via biliar: problema comum no pós-transplante. Pode ser causado por infecção viral, lesão isquêmica, rejeição persistente e infecção nos ductos biliares. Pode surgir febre, tremores, icterícia (olhos amarelados) e dor abdominal. O tratamento consiste em dilatação por endoscopia, cirurgia ou drenagem percutânea.
  • Vazamento biliar: causada por cicatrização inadequada da anastomose biliar. Ocasiona febre, dor abdominal, saída de bile pelo dreno abdominal. O tratamento é com radiologia intervencionista ou cirurgia.
  • Trombose ou estenose da artéria hepática: fatores técnicos e fisiológicos são importantes causas. Sintomas de alteração do estado mental, hipotensão arterial, febre, tremores, icterícia e dor abdominal. O tratamento consiste em reparo cirúrgico se o diagnóstico é precoce e tecnicamente factível. Na maioria das vezes é necessário re-transplante.
  • Trombose da veia porta: geralmente decorrente de problemas técnicos (tamanho excessivo ou alinhamento inadequado) ou por trombos na veia porta ou por doenças da parede venosa. Pode se apresentar com alteração do funcionamento hepático, do tempo de coagulação, formação repentina de ascite, hipertensão portal e sangramento varicoso. Se o fígado permanecer viável, a revisão cirúrgica pode ser possível. Se a hipertensão portal se tornar um problema, pode-se realizar uma cirurgia de desvio (shunt). Se a função do fígado estiver comprometida, um re-transplante é necessário.
  • Infecção: o paciente transplantado provavelmente vivenciará uma infecção bacteriana, fúngica ou viral no período pós-transplante. Isso é relacionado à imunossupressão necessária para evitar a rejeição. Os sintomas são de febre, mal-estar e tremores. O tratamento é realizado conforme o local e tipo da infecção.

Pontos-chave:

• Intercorrências após uma cirurgia de transplante podem acontecer;
• Importante é o reconhecimento precoce para o tratamento adequado;

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