Alcoolização de tumores hepáticos.

O hepatocarcinoma, tumor maligno primário mais comum do fígado, pode ser tratado através da injeção de álcool a 100% (absoluto), o que é altamente tóxico para as células tumorais.

O álcool, em sua forma absoluta, ocasiona uma espécie de “secagem” da célula, já que a substância causa uma desestruturação de toda a membrana de revestimento das células malignas, induzindo sua desintegração e consequentemente sua morte. Esse tipo de tratamento tem sua melhor indicação para pacientes com tumores pequenos, e que não possuem indicação de um tratamento cirúrgico, seja ele através de ressecção (hepatectomia) ou transplante de fígado.

A alcoolização ainda pode ser utilizada como uma forma de tratamento paliativo, um tratamento ponte, para aqueles pacientes com hepatocarcinoma que estão em lista de espera de transplante de fígado.

O procedimento é realizado através da injeção (através de uma agulha) da substância bem no centro do tumor. O médico localiza o tumor através de um exame de imagem, seja ele uma tomografia computadorizada ou uma ultrassonografia. Em virtude da localização do tumor o procedimento pode ser realizado de maneira percutânea, ou seja, através da pele, ou através de uma cirurgia, onde a cavidade abdominal (abdome) do paciente é aberta, o tumor é localizado através de um exame de ultrassonografia intra-operatória e então alcoolizado.

Por que existe a necessidade de um exame de ultrassonografia intra-operatória para localizar o tumor se o médico cirurgião já está olhando diretamente o órgão?

Imagine o fígado como se fosse um bolo de chocolate, e dentro desse bolo de chocolate a cozinheira colocasse uma cereja. Com uma agulha, às cegas, seria muito difícil você saber onde essa cereja estivesse localizada. O exame de ultrassonografia intra-operatória, permite que o médico realize a alcoolização de maneira precisa, colocando a agulha bem no centro do tumor, em qualquer localização do fígado. O exame permite que o cirurgião localize de maneira rápida e precisa onde a cereja está dentro do bolo.

A injeção de álcool absoluto é um procedimento seguro, que pode ser realizado uma única vez ou em várias sessões. Ele é considerado um tratamento paliativo, ou seja, que não possibilita a cura, porém com o potencial de aumentar a sobrevida dos pacientes com hepatocarcinoma pequenos. Os riscos envolvidos são de dor no local da injeção e sintomas leves de alcoolização quando o procedimento é realizado de maneira percutânea, e quando realizado por meio de cirurgia os principais riscos são relacionados ao procedimento em si, como a anestesia geral, o corte (incisão) na barriga e sangramento.

Aviso legal: como médicos também temos a função social de divulgar a medicina e saúde, aproveite essas informações para cuidar da sua. Entretanto, reforçamos que ela não substitui atendimento médico.

Dr. Fábio Silveira

Médico pela PUCPR (CRM 20009/PR). Residência médica em cirurgia geral pela PUCPR, com área de atuação em cirurgia vídeo-laparoscópica (RQE 192). Título de Especialista em Cirurgia Geral pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões (RQE 13560). Título de Especialista em Cirurgia do Aparelho Digestivo pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (RQE 15509). Atua na área de transplante de fígado, pâncreas e rim. Membro da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), da Sociedade Internacional de Transplante de Fígado (ILTS) e da Sociedade de Transplantação (TTS).

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