Estudo italiano avaliou 867 adolescentes (12-18 anos de idade) norte-americanos e identificou que aproximadamente ¼ (24,16%) eram portadores de doença hepática gordurosa associada ao metabolismo (MAFLD), mais conhecida como esteatose hepática.
Aproximadamente um de cada 10 adolescentes (11,63%) foi identificado com esteatose acentuada. Nesses adolescentes com MAFLD, a avaliação das células do fígado através do exame de elastografia transitória hepática, a presença de fibrose foi identificada em nada menos do que 4,42% dos pacientes.
Esteatose acentuada em 10% dos adolescentes, com a expressão de sua complicação última (fibrose) em quase 5% deles reforça a importância da vigilância constante da doença desde a adolescência, retirando de vez conceitos ultrapassados que era uma doença de terceira idade.
Somente 41% dos adolescentes com esteatose acentuada apresentavam alterações de ALT (enzima utilizada para monitorização de lesões nas células do fígado) e aproximadamente 93% dos adolescentes com esteatose acentuada estavam em um grupo de sobrepeso ou obeso. Não obstante, daqueles com fibrose, 35% estavam dentro de uma faixa normal de peso.
Enquanto de maneira geral a esteatose simples é considerada uma doença benigna, a presença de fibrose denota grave agressão as células do fígado. O acúmulo de gordura no fígado pode ocasionar um processo inflamatório no órgão, que na tentativa de regeneração pode induzir um processo de cicatrização (fibrose). Um processo de fibrose sustentado resulta em cirrose, esse permanente, comprometendo em definitivo o funcionamento do órgão. Cirrose hepática ocasionada por gordura no fígado já é atualmente umas das principais causas de indicação de transplante de fígado. Uma agressão de tal magnitude em adolescentes é preocupante.
Pontos-chaves do trabalho.
Médico pela PUCPR (CRM 20009/PR). Residência médica em cirurgia geral pela PUCPR, com área de atuação em cirurgia vídeo-laparoscópica (RQE 192). Título de Especialista em Cirurgia Geral pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões (RQE 13560). Título de Especialista em Cirurgia do Aparelho Digestivo pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (RQE 15509). Atua na área de transplante de fígado, pâncreas e rim. Membro da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), da Sociedade Internacional de Transplante de Fígado (ILTS) e da Sociedade de Transplantação (TTS).