Esteatose hepática.

A esteatose hepática, ou doença do fígado gorduroso, ocorre devido ao acúmulo excessivo de lipídios (gordura) nos hepatócitos (células do fígado) e parte importante de seu tratamento é reconhecer a presença ou ausência de inflamação (esteatohepatite).

O quadro clínico do acúmulo de gordura no fígado recebe uma denominação mais global de MAFLD, sigla na língua inglesa que significa doença hepática gordurosa associada ao metabolismo. Esse termo procura englobar um espectro mais amplo da doença gordurosa do fígado, haja vista a evolução do conhecimento que percebeu nuances e sobreposições das causas da doença. No diagnóstico de esteatose hepática é fundamental reconhecer a existência ou não de esteatohepatite de maneira concomitante, pois é nesse espectro da doença que as complicações acontecem.

O termo esteatose hepática engloba diversos aspectos ou progressões clínicas da mesma doença, desde o que chamamos de esteatose simples, a deposição de gordura sem processo inflamatório associado até o desencadeamento de um processo inflamatório (esteatohepatite) e consequente processo de fibrose e cirrose hepática.

Passos evolutivos da esteatose

A vasta maioria das pessoas não progride para doença avançada, e tentar reconhecer a presença de inflamação ou não é fundamental.

O acúmulo de gordura é uma maneira que o fígado responde a uma agressão ao seu funcionamento. Dessa maneira, tentar descobrir o que está ocasionando a agressão é o primeiro passo.

A doença pode ser traiçoeira pois, para a maioria das pessoas, a doença não causa sinais ou sintomas.

A esteatose hepática tem alta prevalência.

Em países que a obesidade tem se tornado um problema de saúde pública, a esteatose hepática afeta aproximadamente 25% da população. A esteatose é muito comum em pacientes com sobrepeso acima dos 30 anos de idade. O fígado é invadido por uma quantidade excessiva de gordura e o tecido hepático saudável é parcialmente substituído por áreas não-saudáveis de gordura. Nesses fígados, as células e os espaços são preenchidos por gordura, resultando em um órgão aumentado de volume e mais pesado.

Aspecto microscópico de um fígado normal e com esteatose.
Apesar de reconhecermos múltiplas causas para a doença, ela acomete principalmente aqueles com ingesta alcoólica excessiva e/ou que são obesos, geralmente associado a um quadro clínico chamado síndrome metabólica.

De maneira geral é considerada ingesta alcoólica com potencial de causar esteatose uma quantidade de >30g/dia para homens e >20g/dia para mulheres.

Obesidade é considerada quando índice de massa corporal >30kg/m2.

Quando o álcool é considerado como fator de risco para a esteatose ela é chamada de esteatose alcoólica.

O acúmulo de gordura no fígado além de componentes dietéticos e de estilo de vida é influenciado por fatores genéticos e ambientais (microbioma intestinal), elementos que completam um quadro complexo que determinará como cada indivíduo desenvolverá a doença com o passar dos anos.

A doença muitas vezes pode ter um caráter dinâmico durante vários anos, isto é, momentos de inflamação e não-inflamação podem se alternar conforme os hábitos de vida e o tratamento instituído. Não obstante, quando a inflamação desencadeia um processo de fibrose (cicatrização), o prejuízo passa a ser mais sustentado.

De maneira geral, quando recebermos o diagnóstico da esteatose hepática é fundamental tentar elucidar o motivo de tal alteração, com o objetivo de planejar as intervenções necessárias para reduzir o processo de deposição da gordura. Em conjunto devemos reconhecer a presença ou não de inflamação (esteatohepatite), pois é nesse espectro da doença que as complicações como fibrose, cirrose e câncer acontecem. 

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