Cirrose é um termo que identifica as alterações morfológicas observadas nos estágios terminais de uma série de doenças crônicas do fígado, caracterizada por um desarranjo da arquitetura das células do fígado, resultado da proliferação de septos fibrosos e formação de nódulos de regeneração.
Ao sofrer uma agressão, o fígado reage com um processo de inflamação com o intuito de regenerar, de recuperar a agressão sofrida.
Cirrose é um termo cunhado há 30-40 anos atrás e muito relacionado ao estágio de agressão do fígado associado ao desenvolvimento das complicações mais graves da doença, como a ascite, a hemorragia digestiva, a encefalopatia e o câncer.
Sabemos que a cirrose é o destino final de vários tipos de agressão sustentada ao fígado, porém devemos entender que os caminhos que levam a esse destino podem ser diferentes, portanto passíveis de diferentes tipos de prevenção e tratamento.
Um visão integrada clínico-patológica de doença deve levar em consideração a causa da doença, a atividade da doença, presença de doenças associadas, avaliação de fatores de risco para desenvolvimento de câncer e de progressão da doença.
Como a cirrose é a evolução fim de um processo de fibrose, inúmeros agentes anti-fibróticos têm sido estudados, com resultados promissores.
Como o processo de adoecimento do fígado é um processo contínuo, de múltiplas nuances do cinza e não uma doença de preto ou branco, um tratamento adequado pode auxiliar o paciente a retardar a doença ou eventualmente suspender a progressão da fibrose em áreas do fígado ainda não comprometidas pelo estágio final, da cirrose propriamente dita.
Falar em reversão da cirrose hepática tecnicamente não é um termo apropriado, mas é adequado falar em tratamento do processo de fibrose que em estágios finais desnudam a cirrose. Evitar a progressão da fibrose é o objetivo e a definição correta a ser adotada.
Processos de fibrose ocasionados pelo álcool, pelo vírus da hepatite C ou pela esteatohepatite (fígado gorduroso) podem ser controlados e até revertidos pela supressão do álcool, pela cura da hepatite C ou pela redução de peso, respectivamente.
O maior impacto do tratamento sempre será se o processo de fibrose for diagnosticado ANTES da expressão clínica da doença, ou seja, antes do desenvolvimento da ascite, encefalopatia ou hemorragia digestiva. Nessa fase pré-clínica que a medicina possui recursos já estabelecidos de tratamento.
Cumpre ressaltar que é fortemente não recomendado ou uso de chás/ervas de “sabedoria popular” para tratamento dessas alterações. Muitas são reconhecidamente de efeito nocivo ao fígado. Seu uso fora de protocolos de estudo é fortemente desencorajado.
Uma alimentação balanceada e variada é fundamental para retardar a perda da massa muscular ocasionada pela doença. Conceitos errados de restrição da ingesta de proteínas na cirrose são muito danosos.
Diagnóstico precoce da doença é fundamental. Diversos recursos tecnológicos existem atualmente para atingir esse objetivo.
Procure um médico habituado ao tratamento dessa doença, se informe, se cuide.